Há algo de podre do reino da Dinamarca ?

Bruno Oliveira
4 min readJan 25, 2021

É da tragédia ‘Hamlet’ a origem da expressão ‘Há algo de podre no reino da Dinamarca’. A frase, cunhada por Shakespeare, se referia a traições e homicídios que ocorriam na estória da tragédia.

“Falando na atualidade, a frase é usada para se referir a cada fato obscuro e podre que se prolifera além das cortinas que cerram algum espetáculo, seja ele político, social ou de qualquer outra origem. Quando dizemos ‘há algo de podre no reino da Dinamarca’, nos referindo sobre qualquer fato, o que estamos dizendo é que por trás daqueles fatos existem outros, não revelados, que são estranhos.”

Onde estão os dados e informações municipais sobre a pandemia ? Mais importante que isso, onde está acesso a informações com fácil acesso ?

Existe a a Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011), a Lei de Regime Especial da Covid-19 (Lei 3.979/2020) e os princípios constitucionais da legalidade, moralidade e publicidade.

Mais do que leitos em hospital e notícias pagas, a população quer transparência. Vivemos em uma cidade universitária, e a não disponibilização em formato amigável, e de fácil acesso compromete o potencial de pesquisas que poderiam ser realizadas pelas Instituições de Ensino, e dar condições para a sociedade combater de forma mais efetiva a pandemia.

Quantas empresas foram fechadas por decisões municipais equivocadas e infundadas. Até quando o slogan da campanha de prevenção ao COVID nos municípios será o medo ? Percebe-se uma assimetria da fiscalização para determinados estabelecimentos.

O município perde a oportunidade de inovar, propor medidas criativas, originais, científicas para inspirar ou seguir cidades inteligentes. Exemplo: lockdown total ou parcial atrelado a disponibilidade de leitos e índice de infecção, no lugar de dezenas de decretos um após o outro com centenas de cláusulas difíceis para interpretação do público, são ações que deixam uma sensação de falta de foco e estratégia.

Por qual motivo a fiscalização é forte contra o empresário que duramente tenta sobreviver por meio de seu trabalho ? Porém não tenho incentivo quando cumpro o estabelecido. Conscientização pelo medo. Medo da doença. Medo da multa. Mas falta medo do ego.

Em tempo, muitas administrações municipais divulgam links não amigáveis de suas ações e dados, ou seja em formatos que não são facilmente lidos pela maioria da população.

Medidas que são exemplos em municípios de combate ao COVID :

  • Portais de transparência
  • Aplicativos
  • Mapeamento de zonas críticas
  • Campanhas criativas
  • Call Center de atendimento a população

Tentam controlar mais o “poder” de restrições dado pela pandemia do que a própria doença, e temos um cenário de gestão pública que apaga incêndios e não gerencia crises.

Links de ideias:

https://www.pecontracoronavirus.pe.gov.br/ — Portal de PERNAMBUCO

CONTRA A COVID-19

https://www.atendeemcasa.pe.gov.br/login — App de Atendimento ao Público

https://alosaudefloripa.com.br/ — Alô Saúde Floripa é um serviço de orientação, atendimento pré-clínico e informação em saúde por telefone, videochamada ou chat.

https://www.cdlflorianopolis.org.br/covid19 — Portal com informações de fácil acesso

O Colab, a maior plataforma colaborativa do país, junto com a Epitrack, referência internacional para detecção de epidemias, uniram forças com o objetivo de diminuir a disseminação do vírus nas cidades, mapeando os casos de Covid-19 e as regiões com risco de surtos, para ajudar as equipes de saúde das prefeituras e governos estaduais e federal a combater a epidemia do coronavírus.

Para saber mais, acesse www.brasilsemcorona.com.br

E assim o’que ocasionalmente dá certo é mérito da Gestão, e quando dá errado é falta de colaboração da população ? Não é um jogo infantil de “Siga o Mestre”, mas vidas.

Se alguém contrai a doença não é por desejo, mas por não entender a necessidade de cuidados preventivos da doença, porém isso só será feito se houver uma estratégia de conscientização da população que vá além do medo.

Entre o decreto municipal e a contração da doença, existe algo chamado cotidiano. Deveria ser nesse intervalo a atuação preventiva. Mas temos um obstáculo, o foco está deturpado.

Os esforços se concentram ao menos na visão da população, e se isso acontece é por motivo de estar aí erroneamente o objetivo da comunicação do poder público, em ações tangíveis como equipamentos e leitos.

Porém, imaginem um cenário que seja orientado a resultados, onde se investe em educação por meio de campanhas educativas e usando tecnologia como exemplos citados acima, como comprovado, o resultado é intangível, não será palpável com as mão como um respirador adquirido a um preço salgado no mercado advindo da pandemia, juntamente com lotes de epis ( Mascaras , etc ).

Diga- se de passagem, um universitário de nossa cidade, Umuarama-PR, criou um respirador eletropneumático para hospitais ( https://presencial.unipar.br/noticia/9778/engenharia-e-medicina-estudante-cria-respirador-eletropneumatico-para-hospitais ) . Não poderia ter tido projeção com apoio do município e consequentemente economizando recursos, sem onerar significativamente a verba destinada ao combate ao COVID ?

Fato é que , se fosse além da demagogia a abertura para a sociedade e participação de todos setores nas decisões que abrangem a todos, tais especulações nem seriam feitas.

São os frutos de decisões que ignoram que a política eficaz, orientada a resultados, se baseia em diálogo e acima de tudo participação ativa da sociedade que conforme pesquisa feita , disponível em ( bit.ly/umuaramapesquisa ) , anseia por uma participação nas decisões que lhes atinge. E ainda apresentou mais de 500 sugestões da população de Umuarama-Pr para o combate a pandemia que até então foram ignoradas.

Não adianta fingir que não temos um elefante branco na sala. A própria arrecadação tributária pode ser comprometida no futuro por consequência das decisões de hoje, que atingem por uma fiscalização não uniforme aqueles que mais contribuem aos cofres públicos. É muito feliz aquele que acredita que a vacina irá acabar com tudo isso, a conjuntura é mais complexa.

Diz uma lenda urbana que em algumas cidades, existe um poder que defende o interesse de cidadãos.

Prof. Bruno Oliveira.

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Bruno Oliveira

Mestre Maçom da Loja Colunas da União n175 - Grande Loja do Paraná. Administrador de Empresas, Professor e Coordenador na UNIPAR - Universidade Paranaense .