A vingança dos fracos, a fofoca maçônica .

Bruno Oliveira
7 min readNov 16, 2021

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A fofoca é a última vingança dos fracos, o homem começou a conviver em grupo pela fofoca segundo o autor do excelente livro, Sapiens de Yuval Noah Harar, a partir da revolução de 70 mil anos atrás os homens começaram a espécie que se tornou, depois a única espécie do gênero homo, se transformou no que ela é em função da linguagem e a linguagem que é comum a quase todos os animais se tornou muito sofisticada. Tão sofisticada a ponto daqueles que a usam, não saberem usá-la.

O filósofo, Leandro Karnal, discorre que no livro é citado que alguns macacos aprenderam que determinados guinchos, falam que vem vindo um predador e que alguns macacos ,inclusive mentem, dizendo que vem vindo um predador e o grupo foge e pegam as bananas que estão no chão, ou seja, a capacidade de mentir elaboradamente, lembrando que a fofoca pode ser verdadeira ou falsa.

“Ás vezes, espalho uma notícia negativa que é verdadeira e às vezes eu espalho a notícia negativa que é falsa mas nós gostamos porque elas nos protegem, eu sei que o outro tem defeito,quando algo ou alguém famoso ou muito importante esta no assunto, e nós falamos da vida dele falamos das suas questões pessoais que é uma defesa, a fofoca é um pouco a narrativa do fracassado.

Ao falar mal de alguém imediatamente eu começo a estabelecer o fato que eu e você ao falarmos de uma terceira pessoa, estamos estabelecendo uma aliança mas não somos aquela terceira pessoa isso cria nossa identidade isso cria uma relação de amizade, você é amigo também por falar mal de x ou y , que falar bem de x ou y, eu fui uma vez um programa e o apresentador começou dizendo isso né, que horror né professor, essas pessoas que falam mal dos outros, eu disse exatamente, você eu falar dessas pessoas que tá fazendo detração ou seja você está se considerando melhor ou superior do que aqueles que falam mal dos outros.

É muito difícil você separar o limite da liberdade de expressão do limite da injúria, da calúnia e da difamação. Em nome da Liberdade expressão a gente acha que pode dizer tudo sobre tudo, toda hora. As palavras ferem , podem reduzir as pessoas podem atacar, as palavras podem representar inclusive diminuição de questões profissionais . A ironia popular, a charge, é uma espécie de arma contra quem a gente não tem mais nenhum poder.

Mas toda vez que eu aponto dentro para alguém, tem três dedos apontados para mim, teoria psicanalítica básica, quando Pedro fala de Paulo, Pedro fala mais de Pedro do que de Paulo, se eu lhe acuso de alguma coisa obviamente essa coisa encontrou um ponto em mim difícil de ser resolvida.

Por exemplo, homofobia é sempre o choque entre dois homossexuais,o que aceita sua sexualidade e o que não aceita e por isso ataca ou seja ao falar mal de alguém eu estou expondo as minhas dores.

Ao falar mal de alguém, eu estou dizendo: “este fulano é muito burro", querendo dizer que não tem estudo, mas é presidente, mas é muito burro, bom se ele é burro, porém, esta na Presidência e você é genial e é gerente apenas dessa lojinha, alguma coisa está errada em relação ao cargo ou seja é uma maneira de catarse.”

Catarse é um conceito aristotélico, eu transfiro as energia para este campo ou seja falar mal é uma forma de falar do time do que me incomoda por isso nós devemos ter um pouco de cuidado, que é quase um raio-x da nossa alma.

Na maçonaria, isso é fator categórico de regulamento na conduta maçônica. Mas temos irmãos que esquecem que a ética é universal, não existe a sua ou a minha ética. Somente a ética. E além de afastarem irmãos, perdem profanos que seriam grandes maçons. E mancham o nome de suas lojas, tem loja conhecida por estudos, por fraternidade, por solidariedade, por ágape e temos a loja conhecida por fazer fofoca. Triste realidade. Recentemente, vi o caso de um aprendiz, que falando para um profano fatos sobre a ordem de sua cidade, sobre irmãos, relatou tudo ao profano, menos sobre a virtude da Ordem, sobre ensinamentos.

“Mestres” fracos, que apenas decoram o ritual, preleções, a história, sempre esquecem a essência e transbordam soberba.

Soberba e vaidade, invés de encatarrem o profano, se boicotaram, deixaram sua marca, a de um grupo fofoqueiro.maçons que no lugar de homens virtuosos, lembram velhas ociosas com pouca cultura.

O Propósito da fala

Para entender este tópico, precisamos revisar brevemente um tópico que discutimos no passado. Estamos naturalmente isolados e separados uns dos outros. Somos seres separados, todos vivendo em nosso próprio mundo subjetivo, nosso próprio universo interior. Nunca seremos capazes de experimentar a vida através da perspectiva de outra pessoa, apenas através de nossa própria consciência interior. Temos nossos próprios pensamentos e sentimentos, coisas que ninguém mais pode ver. Enfrentamos nossas próprias dificuldades e tribulações, que ninguém mais entende de verdade. Isso resulta em várias dificuldades. Se estou preso em meu próprio mundo interior, como posso me conectar com outras pessoas? Como posso saber o que está acontecendo em suas cabeças? Como posso compartilhar minha vida interior com eles? Como posso superar essa barreira infinita entre mim e todos os outros?

Este é o segredo do discurso. A fala nos permite conectar com outras pessoas. Você começa com seus próprios pensamentos e experiências interiores. Você respira fundo e, em seguida, usa a garganta para projetar as palavras para fora. Você então usa sua boca, língua, dentes e lábios para formar as palavras específicas que envolverão seus pensamentos conforme você lhes dá uma forma concreta. Em essência, você então lança suas palavras para o mundo ao seu redor na forma de vibrações. Se outra pessoa estiver por perto, seus ouvidos podem captar essas vibrações e traduzi-las em som. Esses sons formarão palavras e essas palavras, frases. Se eles falarem a sua língua, essas palavras também terão significado. Eles devem então acompanhar todas as diferentes palavras e frases, agarrando-se a elas e trazendo-as de volta da memória, a fim de formar uma imagem completa de tudo o que você disse. Surpreendentemente, essa pessoa agora pode experimentar seu mundo interior dentro de sua própria mente. Eles agora contêm um pedaço de você dentro de si. A barreira entre seus mundos foi diminuída.

O Rabino Shmuel Reichman é um autor, educador, palestrante e treinador que deu palestras internacionalmente sobre tópicos do pensamento da Torá, ética médica judaica, psicologia e liderança e nos diz o seguinte:

O potencial da fala

A fala carrega o potencial de criar relacionamentos, elevar as pessoas, expandir as mentes das pessoas e permitir uma comunicação genuína, uma conexão genuína. Uma ilustração interessante desse conceito é que o rebbe de uma pessoa é considerado seu pai em certo sentido. Isso ocorre porque existem dois aspectos na criação de um ser humano. Os pais biológicos usam seu DNA para criar a criança física, mas o ser interior — a alma, a mente, a consciência, ainda não foi totalmente expresso. Quando um rebe transmite profunda sabedoria da Torá para seu talmid por meio da fala, as idéias que antes estavam apenas na mente do rebe agora estão dentro do aluno também. O rebbe, por meio do poder da palavra, ajudou a criar o mundo interior de seu aluno. Ao fazer isso, ele se tornou um parceiro na criação desse aluno. De maneira profunda, ele também se tornou o pai desse aluno.

Halachically, o rebbe, o pai espiritual, até supera o pai biológico em alguns aspectos. O Rambam diz que se seu pai e seu rebbe exigem seu kavod, o kavod de seu rebbe vem primeiro. Isso ocorre porque seu pai apenas o trouxe para Olam Hazeh — este mundo físico e passageiro, enquanto seu rebbe ajuda a trazê-lo para Olam Hazeh — o mundo eterno por vir. Este processo que seu rebbe facilita é efetuado por meio do poder da palavra, à medida que ele transmite sabedoria e compreensão para você. Portanto, vemos o poder criativo e o potencial da fala. Ele nos conecta, ajuda a construir uma ponte entre nossos mundos internos e nos permite expandir nossas mentes à medida que aprendemos com os outros.

No judaísmo temos a lei da maledicência:

As leis de lashon hará são muito longas para incluir em um artigo. Mesmo assim, publicamos abaixo um breve resumo de algumas das leis, na maior parte extraídas de Chafetz Chaim. Na verdade, Rabi Israel Meir Hakohen, mais conhecido como “Chafetz Chaim”, ganhou este nome inspirado no versículo dos Salmos: “Aquele de vocês que deseja vida (chafetz chaim)… guarde sua língua do mal…10

1 — Lashon hará literalmente significa “conversa má”. Isso significa que é proibido falar negativamente sobre outra pessoa, mesmo se for verdadeiro.11

2 — Também é proibido repetir qualquer coisa sobre outra pessoa, mesmo que não seja negativo. Isto é chamado rechilut.12

3 — É proibido também escutar lashon hará. A pessoa deve repreender quem fala ou, se não for possível, deve afastar-se daquela situação.

4 — Mesmo se alguém já tenha ouvido o lashon hará, é proibido acreditar. Pelo contrário, a pessoa deve sempre julgar o próximo de maneira favorável.

5 — Apesar disso, pode-se suspeitar que o lashon hará é verdadeiro, e tomar as precauções necessárias para proteger-se.

6 — É proibido até fazer um movimento que seja pejorativo na direção de alguém.

7 — Não se pode sequer relatar um evento negativo sem usar nomes, se os ouvintes puderem descobrir quem está sendo mencionado.

8 — Em determinadas circunstâncias, como para proteger alguém de danos, é permissível ou até obrigatório partilhar informação negativa. Como há muitos detalhes nesta lei, deve-se consultar um rabino competente para aprender o que pode ser partilhado em qualquer situação específica.

Por isso a primeira lição maçônica é o silêncio. Para nos condicionarmos a não cometer o vício do mal uso da palavra.

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Bruno Oliveira

Mestre Maçom da Loja Colunas da União n175 - Grande Loja do Paraná. Administrador de Empresas, Professor e Coordenador na UNIPAR - Universidade Paranaense .