A Eleição das Vaidades- As raposas estão soltas.

Bruno Oliveira
8 min readSep 4, 2022

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Umuarama vive um momento singular, com uma fórmula que coloca em alto risco a perda da representatividade política da cidade na Assembléia Legislativa do Paraná (Deputados Estaduais) e na Câmara dos Deputados (Deputados Federais). Dois fatores compõe essa fórmula:

  1. Excesso de Candidatos do Município.
  2. O trabalho de Candidatos de fora no Município.

Vejam, a falta de diálogo entre lideranças da cidade buscando um consenso para unir forças em torno de um nome que represente a cidade, divide esforços e recursos. Fato que consequentemente abre espaço para políticos de fora da cidade, que munidos de estratégias avançadas e capital político para lobby, angariam votos.

Quando um fato como esse é citado, por vezes é logo rebatido, por contrariar interesses de atores no cenário. Mas temos que separar Fatos de Opiniões.

Observem que Londrina terá nas eleições de 2022 um recorde de vereadores dedicados à campanha eleitoral. Dos 19 parlamentares da atual legislatura, 13 serão candidatos, sendo sete para deputado estadual e seis para federal.

O professor de ética e filosofia política da UEL (Universidade Estadual de Londrina) Elve Cenci, o número excessivo de vereadores candidatos prejudica as chances de a cidade aumentar a representatividade tanto na AL quanto na Câmara dos Deputados. “Se você analisar objetivamente, quantos desses nomes realmente têm chances de conquistar sucesso nessa campanha? O número de candidatos acaba diluindo os votos e muitos não são competitivos.”

Segundo o analista político, a candidatura a deputado servirá mais como vitrine para o próprio vereador visando a próxima campanha municipal de 2024. “É uma oportunidade para ganhar visibilidade, visitar eleitores, e fortalecer o próprio nome”, pontua. Cenci frisa ainda que essa iniciativa isolada dos vereadores acaba refletindo na falta de representatividade de Londrina, com poucos deputados na AL ou no Congresso. “Você pode perceber claramente que estamos subrepresentados, em comparação com outras regiões como de Foz do Iguaçu, Guarapuava e Ponta Grossa, por exemplo. Não só porque eleitores votam em candidatos de fora de Londrina, mas porque nossos votos estão diluídos e perdemos força política.”

O professor analisa que a falta de força política prejudica Londrina na hora de unir representantes para pleitear esforços para a região com os governos estadual e federal, como na questão do pedágio, por exemplo. “Somos a segunda maior cidade do Estado e nas últimas décadas não temos nomes de candidatos ao governador e até mesmo a vice daqui. É só olhar os nomes competitivos que você irá perceber que Londrina não está lá.” Fonte: https://www.folhadelondrina.com.br/politica/recorde-de-vereadores-candidatos-afeta-representatividade-de-londrina-3219129e.html

Isso, de uma cidade do interior perder representatividade em uma cidade como Londrina, imaginem em uma cidade como Umuarama-PR, demonstrado acima como fato, impulsiona diversas entidades de várias cidades pelo Brasil, a lançarem campanhas como Santos no Estado de São Paulo ou a cidade de Toledo no Paraná, próxima a Umuarama.

Exemplos de Atuação de Entidades
Campanha da Associação Comercial e Industrial de Toledo-PR

Os motivos que levam a divisão de esforços, podem ser analisados com a expressão francesa “Comme un éléphant dans un magasin de porcelaine” (Como um elefante numa loja de porcelanas) sugere atos impensados. Quem poderia imaginar um animal tão poderoso e desajeitado como um elefante, cercado por objetos tão delicados como os de porcelana? No caso disso ser possível, o desastre seria quase inevitável. Assim também pode ser a mente do homem quando não recebe a devida atenção. Nosso mundo cada vez mais materialista e imediatista, temos nos tornado prisioneiros do que pode ser chamado de peças de porcelana. Nos sentimos afetados, influenciados, responsáveis e muitas vezes prejudicados por muitas das coisas que nos cercam.

Outra analogia mais matemática é a do “O equilíbrio de Nash” que representa uma situação em que, em um jogo envolvendo dois ou mais jogadores, nenhum jogador tem a ganhar mudando sua estratégia unilateralmente. Buscando cada um o melhor para si.

Segundo este conceito, apesar de os participantes não cooperarem, é possível que a busca individual da melhor solução conduza o jogo a um resultado em que se verifique estabilidade, não havendo incentivo para que nenhum deles altere o seu comportamento.

Filme “Uma mente brilhante” — Retrata a vida do matemático John Nash.

Porém, na teoria acima que é válida para negócios e economia onde cada um busca o melhor para si, na escolha de um representante em eleições majoritárias e posicionamento de líderes e atores regionais, não é verdade. “Vale ressaltar que o Equilíbrio de Nash não tem necessariamente relação com o ponto ótimo social. Nesse caso, apesar do Equilíbrio de Nash ser o ponto ótimo para os sorveteiros, ele não é o ótimo social

O fator cultural, também interfere em nossa região e deve ser analisado, a chamada cultura Caipira, que predomina até a cidade de Assis Chateaubriand, muda a partir de cidades como Toledo e Cascavel para a Cultura Gaúcha. Como Demonstrado no Mapa Abaixo:

Isso significa que, não temos por força de cultura, um fator muito importante para o desenvolvimento de uma cidade, o cooperativismo.

O cooperativismo no Brasil, conforme registros tive início em 1889 na cidade de Ouro Preto, então capital do estado de Minas Gerais. Posteriormente o cooperativismo chegou a outros estados como São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Esse movimento teve intensa participação de imigrantes europeus, sobretudo italianos e alemães (OCB, 2018).

Sabemos que por base, a cultura gaucha é formada por povos imigrantes oriundos da Alemanha, Itália que tem por tradição o cooperativismo e é um traço do desenvolvimento regional frente ao grandes grupos oriundos de grandes centros. De acordo com a Organização das Cooperativas do Brasil (2018), cooperativa é uma organização de pessoas que se baseia em valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Seus objetivos econômicos e sociais são comuns a todos.

Assim temos uma explicação clara do motivo de regiões do Paraná com cultura gaúcha se desenvolverem mais que regiões que não tem a forte presença dela. Com exceções em cidades como Maringá e Londrina que tem forte presença de colônias japonesas, visto que o Japão também possui essa cultura cooperativa presente em sua tradição.

Levamos então esse conceito para a área política, e vemos que a representatividade dessas regiões é muito superior a região Noroeste do Estado do Paraná.

Confiram no mapa das eleições de 2018, no link a seguir:

http://public.tableau.com/app/profile/infografiagp/viz/mapa-resultado-depest-pr/desktop

Dividir para conquistar, é uma estratégia antiga de guerra. E é justamente nisso que apostam os estrategistas de campanha de políticos de fora, em acordos escusos nos bastidores, onde buscam apoio de empresários. E assim, o empresário ou liderança, que nunca leu uma obra política, acha que faz o certo, o melhor para si, e por um comentário ou outro é levado por opiniões (não fatos), de suas bolhas sociais.

O quê são bolhas sociais ?

“Bolha são as redes sociais e proponho uma reflexão sobre a necessidade de sairmos desse espaço que te induz a compartilhar com os seus “iguais”. Sobretudo nesses tempos de polarização, temos cada vez mais excluído os que pensam diferente de nós, o que nos deixa em uma zona de conforto, mas também nos prova de uma leitura de contexto. E a gente não tem ideia do perigo disso. As pessoas acabam se refugiando naquilo que entendem ser igual a elas e com isso perdem embasamento e senso crítico para o debate. Precisamos transitar mais pelos grupos divergentes, ver mensagens de outros grupos, da grande mídia porque, ainda que manipulado, o discurso dá uma dimensão do que está acontecendo. Costumo dizer que até para criticar algo, precisamos conhecer, entrar em contato, senão só reproduzimos a opinião pasteurizada da bolha.” Define Pollyana Ferrari, jornalista e pesquisadora em mídias digitais.

Assim, seduzido pelo politico de fora, pela promessa de um futuro cargo vindouro ou apoio em ambições pessoas, as lideranças se esquecem do senso de comunidade. Esquecem de algo que hoje como professor, vejo que esta ruindo e me enganei quando achei que era somente nos jovens. Eu vi colegas, conhecidos, pais de alunos, deixando a cortesia de lado e ameaçando profissionalmente fornecedores para conseguir oquê queriam, jogando a ÉTICA na lama.

E por favor antes de me citarem Maquiavel, larguem a preguiça de lado, sentem a bunda numa cadeira e leia o livro todo. Nicolau Maquiavel jamais disse em nenhum livro de obra sua que fins justificam os meios, isso é mote de pseudo-intelectual querendo justificar a ausência de moralidade em suas ações.

Aprendi, que a vergonha tem que ficar com quem comete as atitudes vis, e não em que fala a verdade e não o tenho de falar, isso não é maldade, é falta de cultura, conhecimento, estudo, matutice. Enquanto isso, em Curitiba, os coronéis da politica do Estado se reúnem e riem contanto vantagem em como foi fácil ludibriar e dividir o povo do interior com migalhas e promessas.

A verdade nua e crua é que enquanto metade da população briga com paixão de futebol, em uma partida polarizada que não levará a nada, aqueles que podiam nos fazer evoluir como cidade, disputam entre si os eleitores. Os lideres matutos, metido a espertos, fecham conchavos com políticos de fora garantindo seu quinhão, e sim, querem tomar a representatividade dos políticos que estatisticamente tinham chance de ganhar. Estamos com o elefante em nossa loja de porcelana.

Política, como diz meu amigo HJ, vai além de boa vontade, além de popularidade. Envolve bom senso, estratégia e profissionalismo, a malandragem ta caindo. E já que perguntar não ofende, onde estavam os senhores que hoje circundam nosa cidade, durante a pandemia perguntando quais as demandas dos empresários e trabalhadores? Fica no ar.

Porém, a tecnologia e rapidez de informações, não permitem mais se fazer politicagem como antes. E os bastidores agora tem paredes de vidro. Senão quiserem ser éticos, a escolha é pessoal, mas a prestação de contas será coletiva. Afinal quem diz ser de e por Umuarama, tem que no mínimo vestir nossa camisa e lutar ombro a ombro.

Prof. Adm. Bruno Oliveira

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Bruno Oliveira

Mestre Maçom da Loja Colunas da União n175 - Grande Loja do Paraná. Administrador de Empresas, Professor e Coordenador na UNIPAR - Universidade Paranaense .